“Rio de Janeiro, 13 de março de 2025. Nesta mesma data, cinco anos atrás, a nossa cidade entrava em quarentena e começava a vivenciar a maior tragédia de sua história…”
O jornal matutino no rádio o fez despertar . Levantou, cumprimentou sua tia e saiu. Viu o dia amanhecendo com aquela luz sépia e as poças que lembravam a chuva da madrugada que aguou Vila Isabel. Caminhou como sempre pela Jorge Rudge em direção à Luís de Matos. Passou pelas mesmas casas velhas de sempre e lembrou do bar que se travestia de mercearia e onde, naqueles tempos de isolamento, segundo sua tia, os “abençoados” sentavam pra tomar uma cachaça justificada pela necessidade de fazer compras. Lembrou do seu próprio pai que também fazia a mesma coisa. Agora o estabelecimento estava fechado e sua fachada perdia a cor. Ele passava pelas casas antigas vendo seus moradores com feições tristes. Várias placas de imobiliárias gritando “vende-se” também fenecendo com o sol e a poluição. Que bom que aquilo tudo era só passagem e ele sente que não pertence a aquele lugar.